O contexto da mobilidade da informação e a experiência do usuário

Devido à evolução tecnológica, a experiência do usuário mudou. Hoje as pessoas acessam as informações em diferentes lugares, usando diferentes dispositivos. Uma pessoa pode buscar um produto na internet a partir de seu smartphone – em casa – e efetuar sua compra no computador do trabalho, ou vice-versa.

Cada um desses contextos de acesso possui características próprias que afetam a experiência do usuário. O smartphone, por exemplo, possui uma tela e um teclado menor do que o computador. Usar um dispositivo em uma área externa sofre maior interação da luz solar e do barulho do que em uma área interna.

E se, durante a interação, o cliente tiver dificuldade para ler um texto, não encontrar alguma funcionalidade ou perder os produtos adicionados em sua sacola virtual ao acessá-la de outro dispositivo, ele certamente ficará descontente. Isso pode fazê-lo desistir da compra e não acessar o site ou app novamente.

Bem como o usuário pode se sentir desorientado se não houver consistência entre o site acessado do computador e do smartphone.

 

Tipos de contexto de experiência do usuário

Por isso, o design da experiência do usuário deve considerar os fatores envolvidos no contexto da mobilidade. Ele pode ser organizado em sete tipos de contexto: de dispositivo, ambiental, de tempo, de atividade, individual, de localização e social (BOWLES, 2013).

 

1) Contexto de dispositivo:

Tem relação com os atributos do dispositivo de acesso.

A qualidade dos métodos de entrada de dados (teclado, digitalizador, comando por voz), da conexão com a internet e das telas afetam a interação. Assim, é preciso levar em conta as limitações e possibilidades oferecidas pelos dispositivos dos usuários.

Pode ser custoso para o usuário fazer o download de um arquivo para visualizar o catálogo de produtos se a conexão com a internet estiver instável ou seu celular estiver com pouco espaço de armazenamento.

Por outro lado, é muito útil permitir que o cliente efetue uma chamada ou abra automaticamente uma conversa no whatsapp apenas clicando sobre o telefone da empresa ao invés de precisar digitar, copiar e colar ou salvar o número.

Assim como, é conveniente salvar os produtos adicionados na sacola virtual de compras – preferencialmente antes mesmo do usuário fazer login – e mantê-los lá até o próximo acesso, realizado a partir de qualquer um de seus dispositivos.

 

2) Contexto ambiental:

Diz respeito às condições do ambiente de acesso.

Ambientes ao ar livre possuem condições climáticas e sonoras variadas. O brilho do sol ou a chuva podem afetar a percepção do usuário sobre a cor e o contraste na tela; bem como ambientes ruidosos tendem a desconcentrá-lo facilmente.

Mesmo com os recursos dos smartphones para adaptação da luminosidade da tela a partir de sensores, pode ser difícil para o usuário ler um texto com a luz do sol. Por isso, a cor, o tipo e o tamanho da fonte devem ter contraste e legibilidade adequados.

Além disso, o usuário pode ficar perdido durante a navegação devido às distrações geradas pelo barulho do ambiente externo. Logo, é preciso oferecer um recurso de busca eficiente e não exigir que ele lembre de informações de uma tela para a outra.

 

3) Contexto de tempo:

Se refere à frequência, duração e o período de uso do dispositivo.

Os dispositivos costumam ter padrões de consumo diferentes. Em geral, os computadores são mais utilizados durante o horário de trabalho ou estudo. Já os smartphones são usados várias vezes ao longo do dia, especialmente em períodos de inatividade (como durante a espera no médico), no começo e no final do dia.

Diante desse tipo de interação fragmentada, pode ser conveniente dividir tarefas complexas em partes menores, salvando-as individualmente. Bem como inserir uma estimativa do tempo de conclusão ou indicadores de progresso (ex. linha do tempo, passo 1 de 4).

 

4) Contexto de atividade:

Tem relação com o tipo de atividade realizada.

Algumas atividades são mais rápidas do que outras; assim como algumas são mais ativas do que outras. Atividades de pesquisa normalmente fazem o usuário se inclinar para frente, enquanto assistir um vídeo faz o usuário se inclinar para trás.

Atividades que fazem o usuário se inclinar para trás geralmente são mais passivas e envolvem pouca entrada de dados. Por isso, precisam de interfaces simples e objetivas. Já atividades que fazem o usuário se inclinar para a frente são mais ativas e, por isso, devem facilitar a navegação e a entrada de dados.

Ainda, existem atividades que são recorrentes e outras que são esporádicas. Diante disso, pode não ser interessante para o usuário instalar um aplicativo para realizar uma compra que ele faz eventualmente, mas sim acessar um site responsivo, que se adéque o seu layout quando acessado em diferentes dispositivos.

 

5) Contexto individual:

Leva em consideração as capacidades e limitações dos usuários.

A interação sofre influência de fatores físicos (problemas de visão, dificuldades motoras, etc) e mentais (deficiências, personalidade, preferências, etc.). Logo, uma boa experiência depende da adequação da interface às necessidades dos usuários.

Assim, a interface pode ser projetada como base nas caraterísticas recorrentes entre seus usuários ou se ajustar a cada indivíduo – de forma automática ou partir da sua ação sobre as configurações. Em ambos os casos, é preciso conhecer os usuários!

Para conhecer as preferências das pessoas, podem ser usados dados sobre sua navegação (cliques, conteúdos salvos e histórico) e configurações por elas definidas. Bem como podem ser usadas enquetes ou questionários para delimitar seu perfil.

Contudo, a melhor estratégia para conhecer o usuário é falando diretamente com ele, a partir de entrevistas ou grupos focais.

 

6) Contexto de localização:

Envolve as informações sobre a localização do usuário durante o acesso.

Usar os dados fornecidos por recursos de GPS sobre a localização do usuário podem facilitar e até personalizar a interação. Porém, é importante não condicionar o acesso ao uso desses dados e sempre pedir a permissão do usuário antes de usá-los. 

 

7) Contexto social:

Aborda as relações físicas e/ou virtuais do usuário com outras pessoas.

Os dispositivos – especialmente os computadores – podem ser compartilhados entre diferentes pessoas. Logo, é conveniente facilitar o logout e a troca entre contas evitando o acesso indevido de dados e informações pessoais.

Ademais, é comum que o usuário esteja cercado de outras pessoas. Por isso, é preciso evitar situações que possam comprometer a segurança de seus dados ou gerar constrangimento como, por exemplo, a execução de sons inesperados.

Bem como, é preciso solicitar explicitamente a permissão do usuário antes de compartilhar suas informações nas redes sociais como é o caso da publicação da sua localização para acesso ao wifi do estabelecimento mediante check in.

 

 

Juntos, esses 7 contextos buscam delinear os fatores envolvidos no contexto de mobilidade da informação e o seu impacto na experiência do usuário. Contudo, cada projeto tem suas características ou detalhes, conforme indica seu acrônimo – device, environment, time, activity, individual, location, social – DETAILS.

Sendo assim, o que é relevante para um projeto pode não ser para outro. Portanto, é preciso conhecer bem as necessidades dos usuários sem perder de vista os objetivos da empresa com o site ou app.

 

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Referências 

BOWLES, Cennydd. Designing with context. 2013. Disponível em:

<http://www.cennydd.com/blog/designing-withcontext?s=2013/designing-with-context>. Acesso em: 25 jul. 2022.

NUNES, Juliane Vargas. Recomendações para o design de conteúdos educacionais digitais baseados em texto no cenário da mobilidade. 2017. 215 p. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Design, Florianópolis, 2017. Disponível em: https://bu.ufsc.br/teses/PGDE0146-T.pdf.

 

 

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